UFMS reúne especialistas e comunidades para discutir agroecologia, sustentabilidade e educação do campo

Postado por: LIDIANE CECILIA PEREIRA

Entre os dias 4 e 6 de dezembro, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, foi palco de um evento que uniu ciência, cultura e práticas tradicionais: o Agroecol, um grande encontro agroecológico que abrangeu o 5º Seminário de Agroecologia da América do Sul, 9º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul, 8º Seminário Estadual de Educação do Campo de MS, 7º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS, 4º Seminário de Sistemas Agroflorestais e o 1º Encontro Extrativista do MS.

Com o tema “Água e Clima: direito à vida”, o evento promoveu a troca de saberes entre agricultores, pesquisadores, educadores e comunidades indígenas e quilombolas. O objetivo foi fomentar o diálogo entre os principais atores da agroecologia no estado, fortalecer redes de produção e comercialização sustentáveis e ampliar o conhecimento técnico-científico sobre práticas agroecológicas para o Bem Viver.

Abertura marcada por diversidade cultural e discussões científicas

Diretora presidente da associação brasileira de Agroecologia durante a mesa de abertura

A programação começou no dia 4 de dezembro, com atividades no Auditório 2 do Complexo Multiuso da UFMS. A abertura cultural incluiu uma performance teatral sobre Zumbi dos Palmares e a execução do Hino Nacional em Terena, interpretado pela artista Dinny. A conferência magna, ministrada pela Dra. Vânia Costa Pimentel, trouxe reflexões sobre o papel da agricultura familiar na manutenção da vida, enquanto a solenidade destacou a participação de instituições parceiras.

Reflexões sobre educação e práticas sustentáveis

A professora Dra. Alexandra Penedo de Pinho, representante da Comissão Organizadora, em entrevista à rádio CBN Campo Grande, destacou que eventos como o Agroecol promovem uma valiosa troca de saberes entre a ciência tradicional e as práticas sustentáveis das comunidades, enfatizando a importância de integrar esses conhecimentos para fortalecer a agricultura orgânica e a agroecologia. Ela também ressaltou a relevância da discussão sobre como essas comunidades tratam o meio ambiente de maneira mais sustentável.

Um dos destaques foi o 8º Seminário Estadual de Educação do Campo, que abordou a formação de professores para atuar em escolas rurais e os desafios da inclusão de práticas agroecológicas nesses espaços. As mesas-redondas discutiram temas como o resgate de saberes tradicionais quilombolas e indígenas, a cadeia produtiva de plantas medicinais e o impacto dos agrotóxicos no meio ambiente e na saúde.

Oficinas e feiras integradas

Além das mesas e palestras, o Agroecol ofereceu oficinas práticas, como o uso de plantas medicinais, saneamento ecológico e técnicas de meliponicultura. No Espaço Feira, o público teve acesso a produtos agroecológicos, sementes nativas e apresentações culturais, como a do grupo Batuque Canta.

Agroecol na mídia

Resumo dos trabalhos apresentados

O Agroecol 2024 contou com a apresentação de 103 trabalhos, após a avaliação de 130 submissões. Os temas abordados refletiram as principais áreas de pesquisa e prática dentro da agroecologia, distribuídos nas seguintes categorias:

  1. Desenvolvimento territorial em bases agroecológicas – 19 trabalhos
  2. Manejo de agroecossistemas sustentáveis – 10 trabalhos
  3. Redes de Comercialização, agroecologia e economia solidária – 2 trabalhos
  4. Agricultura familiar e produtos da sociobiodiversidade – 11 trabalhos
  5. Uso e Conservação dos Recursos Naturais – 15 trabalhos
  6. Sistemas Agroflorestais de Base Agroecológica – 16 trabalhos
  7. Educação do Campo – 4 trabalhos
  8. Construção de Conhecimentos Agroecológicos – 12 trabalhos
  9. Sementes e Propágulos de Base Agroecológica – 3 trabalhos
  10. Saúde, Agroecologia e Homeopatia – 9 trabalhos
  11. Produção Animal Agroecológica – 2 trabalhos

Encerramento com compromisso coletivo

O evento encerrou com a produção de uma carta reunindo propostas para fortalecer a agroecologia no estado, a ser entregue às autoridades. Entre os resultados esperados estão o incentivo à agrofloresta, o fomento ao extrativismo sustentável e a valorização dos saberes locais como ferramentas para enfrentar os desafios climáticos e promover o desenvolvimento rural sustentável.

Realização

Esta edição do evento foi coordenada pela professora Dra. Raquel Pires Campos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan), e promovida pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Semadesc). A realização é da Associação Brasileira de Agroecologia, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério da Educação, Ministério da Agricultura e Pecuária, Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa-MS), Cooperativa de Trabalho em Desenvolvimento Rural e Agronegócio, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura, Instituto Pantanal Sul (Fapec), Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários, Programa Nacional dos Comitês de Cultura de Mato Grosso do Sul e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Para quem deseja obter mais informações sobre o evento e acessar os materiais completos, visite o site oficial: agroecol.ufms.br.