Grupo de estudo em Papilomavírus Humano de Mato Grosso do Sul (CNPq – certificado UFMS)

Postado por: Alda Maria Teixeira Ferreira Ferreira

A infecção pelo Papilomavírus humano (HPV) é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e alguns comportamentos de risco, tais como, elevado número de parceiros sexuais, práticas etilistas e tabagistas, o não uso de preservativo, bem como a presença de outros micro-organismos, podem contribuir para a patogênese viral especialmente na cérvice uterina e cavidade oral.

O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Sua etiologia está relacionada à infecção persistente por Papilomavirus Humano (HPV) que pode ser transmitido por contato direto durante o ato sexual. No trato anogenital feminino, este vírus DNA infecta células basais e parabasais do epitélio escamoso a partir de microabrasões do epitélio ou durante a metaplasia escamosa na zona de transformação, na qual há a exposição das células basais. Na maioria das vezes a infecção por HPV é eliminada pelo sistema imune de indivíduos imunocompetentes. No entanto, ocasionalmente, o vírus não é eliminado, persistindo assim no indivíduo infectado. As taxas de mortalidade por câncer na cavidade oral, embora tenha declinado ultimamente na população da maioria dos países, revelam o aumento da incidência de câncer na cavidade oral relacionado à infecção pelo HPV, principalmente em regiões como amígdalas, base da língua e orofaringe, e tem aumentado entre jovens e adultos de ambos os sexos. Como no câncer cervical, o contato direto pele-pele, pele-mucosa ou mucosa-mucosa está relacionado com a transmissão na cavidade oral. Hábitos relacionados a prática de sexo oral, auto inoculação do vírus na mucosa oral e compartilhamento de objetos de uso pessoal são relacionados a transmissão viral.

A infecção persistente por HPV é uma condição necessária para o desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e do câncer cervical. Essa condição é influenciada tanto por fatores inerentes ao vírus como por condições do próprio indivíduo, por exemplo falha ou ineficácia da resposta imunológica na eliminação viral. Sabe-se que a resposta imune mediada por células desempenha um papel importante no controle tanto das infecções por HPV, quanto das alterações celulares por ele produzidas e que a participação de citocinas secretadas por células T e células acessórias, é de extrema importância na regulação e controle da imunidade celular.

O diagnóstico da infecção por HPV pode ser realizado por métodos não moleculares e moleculares. Os métodos não moleculares, classificados como indiretos, não detectam o HPV, mas sim as alterações celulares decorrentes da infecção viral, sendo, portanto, considerados sugestivos de infecção e menos sensíveis (citologia oncótica para a cérvice uterina e a histopatologia para cérvice uterina e cavidade oral). Os métodos moleculares, também classificados como métodos diretos, são utilizados para a detecção do genoma do HPV em amostras de células da mucosa cervico-vaginal ou oral (técnicas de Reação em Cadeia da Polimerase – PCR e técnicas de amplificação do sinal que incluem técnicas de hibridização).

A investigação da presença do HPV, dos tipos virais envolvidos, da carga viral, de co-infecção por outros micro-organismos e do perfil imunológico em amostras cérvico-vaginais e da cavidade oral, pode contribuir para futura implantação de rotinas diagnósticas mais abrangentes e eficazes para a prevenção e acompanhamento das infecções por HPV na mucosa.

O rastreio do câncer do colo uterino é um instrumento valioso para prevenir a morbidade e a mortalidade pelo câncer. Investigar a real situação do rastreio do câncer do colo uterino e o seguimento das mulheres portadoras de lesões pré-malignas pode contribuir para a identificação de possíveis falhas no sistema de rastreio vigente, para a programação de projetos de educação em saúde nas UBS/UBSF e consequente redução na morbidade e mortalidade pelo câncer cervical.

O conhecimento sobre o HPV e o câncer cervical pela população é essencial para que se tenha um bom rastreamento e controle do câncer cervical. Portanto, identificar as fragilidades no conhecimento sobre este tema, promover ação de educação em saúde, pode contribuir para a melhor conscientização, adesão aos serviços de saúde e prevenção do câncer de cérvice uterina.

Profa. Dra. Inês Aparecida Tozetti (Líder do Grupo de Pesquisa)