Calouros de Biologia vivenciam saída de campo noturna com foco em herpetologia na recepção 2025

Postado por: LIDIANE CECILIA PEREIRA

Como parte da programação de recepção aos calouros dos cursos de Ciências Biológicas (bacharelado e licenciatura) da UFMS, uma atividade prática noturna foi realizada no último dia 21 de março na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da UFMS, conhecida como Cerradinho. A proposta foi proporcionar aos novos estudantes uma vivência imersiva em uma das áreas mais fascinantes da zoologia: a herpetologia, ramo que estuda anfíbios e répteis.

A atividade foi conduzida pelo professor Dr. Diego José Santana Silva, do Instituto de Biociências (INBIO), herpetólogo com atuação em pesquisa e ensino sobre a diversidade de anfíbios e répteis brasileiros. Acompanhado por alunos de mestrado e doutorado dos programas de pós-graduação em Biologia Animal (PPGBA) e Ecologia e Conservação (PPGEC), que atuaram como monitores, Diego guiou os calouros em uma verdadeira introdução prática ao trabalho de campo com esses animais.

“A ideia foi oferecer aos calouros a experiência real de um campo noturno, voltado à observação direta desses animais na natureza — como sapos, rãs, pererecas, lagartos, serpentes e jacarés”, explica o professor.

A iniciativa teve como objetivo não só integrar os ingressantes, mas também despertar desde o início da graduação o interesse por práticas de pesquisa em ambientes naturais, tão características da formação biológica.

Embora a atividade tenha durado cerca de uma hora e meia, foi possível observar uma boa diversidade de espécies. Um dos pontos altos da noite foi a observação de uma jiboia a cerca de 10 metros de altura, dormindo sobre uma árvore — comportamento típico de serpentes arborícolas em repouso noturno. Outro destaque foi a escuta de vocalizações de sapinhos, que permitiu aos participantes acompanhar na prática o uso da bioacústica como ferramenta para localização e identificação de espécies. Seguindo o som, o grupo encontrou um casal de rãs-do-folhiço.

Além dos animais encontrados no Cerradinho, os calouros também tiveram contato com espécies levadas pelo professor Diego diretamente do Pantanal. Ele havia retornado de uma coleta de campo na região no dia anterior e aproveitou a oportunidade para apresentar aos alunos alguns dos animais coletados para fins de pesquisa. Entre eles, uma sucuri amarela adulta chamou atenção dos participantes.

“Foi um dos momentos mais especiais da noite. Não é todo dia que se tem a chance de observar de perto um animal desses”, comenta Diego.

Também foram observados no local um cágado de barbicha (espécie de cágado de água doce), além de outros anfíbios e répteis, mesmo com o tempo limitado da atividade. “Não havia uma abundância muito grande de animais naquele momento, mas foi o suficiente para apresentar aos calouros a diversidade e os desafios do trabalho de campo com herpetofauna”, pontua o professor.

Mais do que a observação da fauna, a saída serviu como introdução a práticas éticas e seguras de atuação em campo. Foram discutidos temas como o código de ética na manipulação de animais silvestres, a necessidade de licenças e autorizações para coleta, e o uso adequado de equipamentos como lanternas potentes, perneiras, botas, ganchos e pinções — fundamentais no manuseio seguro de serpentes e outros animais peçonhentos.

A atividade contou com o apoio do Mapinguari Lab, grupo de pesquisa e divulgação científica do INBIO voltado à ecologia e zoologia de vertebrados. Embora não tenha sido vinculada diretamente a uma disciplina específica, a saída de campo dialoga com conteúdos trabalhados em diferentes componentes curriculares da área de Zoologia, como Biossistemática, Herpetofauna Regional, Deuterostomia II e Biogeografia.

Com essa vivência, os calouros puderam dar seus primeiros passos não só na universidade, mas também em uma das áreas mais ricas e desafiadoras das ciências biológicas. A experiência reforça o compromisso do curso com uma formação prática, ética e conectada à biodiversidade brasileira desde os primeiros momentos da graduação.

Confira o registro da atividade no Instagram do Mapinguari Lab:
? @mapinguarilab
? Reel da saída de campo

Texto elaborado com base nas informações fornecidas pelo Prof. Dr. Diego José Santana Silva (INBIO/UFMS).