1º Simpósio Internacional de Ciência Inclusiva em Biodiversidade (BioDiverCi) promoveu discussões sobre diversidade, equidade e conservação
O 1º Simpósio Internacional de Ciência Inclusiva em Biodiversidade (BioDiverCi) reuniu especialistas, pesquisadores e ativistas em um evento inovador, que destacou a interseção entre ciência, inclusão e conservação ambiental. Realizado com o objetivo de fomentar um debate amplo sobre diversidade e acessibilidade na produção científica, o simpósio trouxe perspectivas variadas sobre como tornar a ciência mais inclusiva e representativa.
Durante o evento, foram abordados temas como a participação de mulheres, pessoas transgênero, populações tradicionais e grupos historicamente marginalizados na ciência. Participaram pesquisadores renomados, como a ecóloga Brigitte Baptiste, que discutiu a conexão entre ecologia e identidades queer, e a professora Mercedes Maria da Cunha Bustamante, que abordou a importância da ciência na formulação de políticas ambientais. O evento também contou com a presença de Rafael Loyola, da Universidade Federal de Goiás, que trouxe reflexões sobre a interface entre ciência e políticas públicas.
A inclusão de comunidades tradicionais foi um dos pontos centrais do simpósio, com falas de Kellen Natalice Vilharva, que discutiu os conhecimentos tradicionais do povo Guarani Kaiowá, e Luisa Maria Diele Viegas Costa Silva, que trouxe contribuições sobre etnobiologia e impactos antrópicos na biodiversidade. O evento também deu destaque à acessibilidade na ciência, com a presença de Beatriz Marques Lunardi e Shirley Vilhalva, que enfatizaram a importância da Libras e de outras iniciativas para tornar o conhecimento científico mais acessível.
“O que a gente espera para Campo Grande, para a UFMS e para o estado é contribuir com a criação de políticas públicas voltadas à inclusão e à permanência no campo da construção do conhecimento científico, sempre valorizando a diversidade humana” destacou Ayo Rosas, Técnica de Laboratório no Laboratório Interdisciplinar de Prática de Ensino (Lipe) e uma das idealizadoras do evento.
Outro ponto alto do BioDiverCi foi a participação do jornalista Caio Henrique Romero, que ressaltou a necessidade de democratizar a informação científica e ampliar o acesso de pessoas com deficiência ao conhecimento acadêmico. Além disso, o evento contou com a contribuição de ativistas e acadêmicos como João Fernando dos Santos Vilela e Luan Araujo Goebel, que trouxeram importantes discussões sobre a inclusão de pessoas transgêneras no meio acadêmico.
Letícia Couto Garcia, professora da UFMS, apresentou suas pesquisas em ecologia e conservação, destacando a relevância da intervenção científica para a preservação da biodiversidade. A bióloga Barbara Pinheiro trouxe reflexões sobre a acidificação costeira e os impactos nos ambientes recifais, além de destacar sua atuação na Liga das Mulheres pelo Oceano.
Elvira D’Bastiani, ecóloga quantitativa, compartilhou suas pesquisas sobre ecologia de doenças infecciosas e sua trajetória como estudante de primeira geração. Geraldo Alves Damasceno Junior, professor da UFMS, abordou temas relacionados à fitogeografia e às relações entre comunidades vegetais e os fatores ambientais no Pantanal. Marcelo de Jesus Lima, professor e pesquisador sobre sociologias negras, debateu o racismo e a violência antinegra dentro do contexto acadêmico.
Dentre os destaques do evento, um dos momentos mais impactantes foi a palestra de Thiago Torres, conhecido como “Chavoso da USP”. Com sua fala envolvente, ele trouxe uma reflexão profunda sobre desigualdade social e acesso à educação no Brasil. A partir de sua trajetória como estudante da USP e comunicador digital, destacou os desafios enfrentados por jovens periféricos no ensino superior e a importância de políticas de inclusão para transformar a realidade acadêmica.
A programação diversificada e o compromisso com a inclusão consolidaram o BioDiverCi como um marco na discussão sobre diversidade na ciência. O evento não apenas promoveu reflexões, mas também apontou caminhos para tornar a produção acadêmica mais acessível, representativa e equitativa.
Com uma abordagem inovadora e um elenco de palestrantes inspiradores, o 1º Simpósio Internacional de Ciência Inclusiva em Biodiversidade demonstrou que a diversidade é fundamental para avançar na pesquisa e na conservação da biodiversidade. O evento encerrou-se com a expectativa de novas edições e um impacto duradouro nas políticas e práticas acadêmicas.
Além disso, o simpósio promoveu a Passarinhada Intergeracional e Inclusiva, organizada pelo Instituto Mamede em parceria com a UFMS e a UFT, como uma das atividades práticas de destaque. Realizada no campus da UFMS, ao redor do Lago do Amor, a atividade teve como foco a promoção da inclusão e da valorização da biodiversidade urbana, com uma proposta que vai além da simples observação de aves. A passarinhada propôs uma verdadeira conexão entre os participantes e a natureza, oferecendo uma pausa relaxante ao estresse cotidiano, ao mesmo tempo em que contribui com a ciência e a conscientização ambiental. A caminhada intergeracional abordou temas essenciais como o enfrentamento das mudanças climáticas nas cidades, a proteção do patrimônio ambiental e a democratização da ciência, com ênfase no direito de todos desfrutarem da presença da biodiversidade preservada. Com foco na inclusão, o evento foi uma oportunidade para ampliar o acesso ao conhecimento científico e promover a diversidade dentro do campo da ciência, criando um ambiente acolhedor para pessoas de diferentes idades e origens.
PALESTRANTES
Brigitte Baptiste
Ecóloga e especialista em biodiversidade e mudanças globais, Brigitte Baptiste é uma das principais pesquisadoras sobre ecologia e diversidade. Com foco na ecologia de comunidades e sua relação com questões sociais, ela tem contribuído para o fortalecimento da ciência ambiental e das identidades queer.
Mercedes Maria da Cunha Bustamante
Professora titular da Universidade de Brasília, Mercedes Bustamante é especialista em ecologia de ecossistemas, com ênfase em biogeoquímica e mudanças ambientais no Cerrado. Membro de diversas academias científicas internacionais, também teve um papel de liderança no Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Rafael Loyola
Professor da Universidade Federal de Goiás, Rafael Loyola é especialista em ecologia e políticas públicas, com mais de 200 publicações científicas. Ele é um dos coordenadores de capítulos da IPBES e BPBES, e se dedica à integração da ciência com as políticas públicas, abordando sustentabilidade e conservação.
Kellen Natalice Vilharva
Bióloga e doutoranda em Clínica Médica pela UNICAMP, Kellen Vilharva é especialista em etnofarmacologia e medicina tradicional indígena, com foco no povo Guarani Kaiowá. Ela também trabalha na defesa dos direitos das mulheres indígenas e na preservação dos territórios e direitos ambientais.
Luisa Maria Diele Viegas Costa Silva
Professora e pesquisadora na Universidade do Mississippi, Luisa Diele Viegas Costa Silva é especialista em etnobiologia e impactos antrópicos na biodiversidade. Ela coordena o Laboratório de (Bio)Diversidade no Antropoceno e é uma defensora ativa da equidade de gênero na ciência.
Beatriz Marques Lunardi
Especialista em educação especial e intérprete de Libras, Beatriz Lunardi trabalha para garantir a acessibilidade na educação científica, abordando temas como inclusão de surdos e deficiência no ambiente acadêmico.
Shirley Vilhalva
Pedagoga e pesquisadora da UFMS, Shirley Vilhalva é doutora em Linguística Aplicada e atua com línguas de sinais emergentes e línguas de sinais indígenas. Ela também contribui para a inclusão linguística de surdos e surdocegos no contexto acadêmico e científico.
Caio Henrique Romero
Jornalista e especialista em comunicação científica, Caio Romero se destacou por seu trabalho no Diário do Caio Henrique. Ele defende a democratização da informação científica, com ênfase na acessibilidade para pessoas com deficiência.
João Fernando dos Santos Vilela
Psicólogo transgênero e coordenador do Núcleo de Gênero e Diversidade do Conselho Regional de Psicologia do MS, João Vilela atua na promoção dos direitos da população LGBT+ e na construção de uma psicologia mais inclusiva e acessível para pessoas trans e não-binárias.
Luan Araujo Goebel
Doutorando em Ciências Ambientais pela UNEMAT, Luan Araujo Goebel é cientista transgênero e pesquisador sobre os impactos da fragmentação de habitats em mamíferos. Ele também se dedica a promover a inclusão de pessoas trans e não-binárias no meio acadêmico e científico.
Letícia Couto Garcia
Professora da UFMS, Letícia Couto Garcia é bióloga e especialista em ecologia e conservação. Ela coordena o Laboratório de Ecologia da Intervenção e é reconhecida por sua atuação em preservação da biodiversidade e intervenção científica.
Barbara Pinheiro
Bióloga e ativista pela preservação marinha, Barbara Pinheiro é especialista em acidificação costeira e impactos ambientais nos recifes. Ela também é uma das fundadoras da Liga das Mulheres pelo Oceano.
Elvira D’Bastiani
Ecóloga quantitativa, Elvira D’Bastiani é especializada em ecologia de doenças infecciosas e pesquisas sobre a interação entre parasitas, hospedeiros e ecossistemas. Ela também compartilhou sua trajetória como estudante de primeira geração.
Geraldo Alves Damasceno Junior
Professor da UFMS, Geraldo Alves Damasceno Junior é especialista em fitogeografia e ecologia de comunidades vegetais, com foco nas interações entre ambientes naturais e fatores como a inundação e o fogo no Pantanal.
Thiago Torres (Chavoso da USP)
Professor e youtuber, Thiago Torres é conhecido por suas reflexões sobre o acesso à educação superior e a produção científica para jovens periféricos. Sua participação no BioDiverCi abordou questões educacionais e de desigualdade estrutural no meio acadêmico.
Marcelo de Jesus Lima
Professor de Sociologia e doutorando em Ciências Sociais pela UNESP. Mestre em Estudos Culturais pela UFMS, pesquisa temas como racismo, sociologias negras e violência antinegra, com ênfase nas dinâmicas sociais que afetam as populações negras no Brasil.
REALIZAÇÃO
- Universidade Fedaral de Mato Grosso do Sul (UFMS)
- Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC-UFMS)
APOIO INSTITUCIONAL
APOIO FINANCEIRO
- Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect)
- Capes
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
APOIO
- Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
- Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
- Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal (PPGBV-UFMS)
- Programa de Pós Graduação em Biologia Animal (PPGBioAnimal-UFMS)
- University of California (UCLA)
- Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê)
- Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio)
- Bioparque Pantanal
- Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental (ITB)
- Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander Von Humboldt
- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
- Instituto Mamede
- Universidade Federal do Tocantins (UFT)
- Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas)
- Chalana Esperança
- Ecologia e Ação (Ecoa)
- Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP)
- Wetlands International
- Mulheres em Ação no Pantana (Mupan)
- Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Peld Nefau)
- Instituto SOS Pantanal
- Cerrado em Pé
- 3DucAssist
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
- Maré de Ciência Unifesp
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
- Parque da Ciência da UFMS
- RestaurAR
- Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBioTecnologia)
- Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGFarmácia)
- WWF
- Universide Estácio de Sá
- Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA)
Organizador
Comissão Organizadora
- Fabio de Oliveira Roque
- Ayo Jhonatan Rodrigues Rosas
- Carolina Barbosa de Souza
- Daniele Pereira Rodrigues
- Jeane De Lima Dos Passos
- Liliana Piatti
- Silvana Ferreira de Rezende
- Ana Carla Pinheiro Lima
- Maria Fernanda Balestieri
- Mariano de Souza
- Renata Dias Silva
- Priscila Pacheco Carlos