Micoteca

I. Pequeno Histórico, Localização e Acervo

 

Há uma grande diversidade de microrganismos na Terra e os fungos representam uma boa parte deles. Estima-se em 1,5 bilhões o número de espécies de fungos no mundo. Dessas, provavelmente 75% são microfungos ou os chamados fungos filamentosos. A maioria destes encontra-se no solo ou associados a espécies vegetais das regiões tropicais do planeta, inclusive as contidas nos biomas neotropicais (Peay et al., 2016).
A maneira mais eficaz de se conservar microrganismos relevantes para o desenvolvimento científico e tecnológico é a preservação ex situ em coleções de culturas. As coleções de culturas têm como função incorporar, preservar e manter microrganismos relevantes para estudos científicos e aplicações tecnológicas, de forma a garantir sua sobrevivência, estabilidade e pureza durante períodos prolongados de tempo, o que requer o emprego continuo de diferentes métodos de preservação, visando torná-los disponíveis para usuários interessados e por isso são considerados centros de conservação de recursos genéticos (Chambergo e Valencia, 2016).
A Coleção de Fungos de Mato Grosso do Sul (Micoteca) foi inicialmente proposta pela Profa. Dra. Maria Rita Marques em 1992, seguida pelas pesquisadoras do antigo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Dra. Giovana Cristina Giannesi e Yvelise Maria Possiede. Com o apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia) do Estado de Mato Grosso do Sul, através da aprovação do projeto intitulado “Implantação de coleções de culturas de microrganismos (CCMS)” presentes no solo ou associados a espécies vegetais nativas do Pantanal, em 2007, foi dado o primeiro passo para a implantação da primeira Micoteca do nosso Estado.
Através da Resolução CCBS no. 77 de 26/02/2015, Resolução CD no. 35 de 12/03/2019 e Resolução COUN no. 29 de 13/03/2019, a Micoteca foi convertida em Unidade de Apoio Técnico.
A Micoteca INBIO/UFMS está provisoriamente instalada no Setor de Biologia Geral do INBIO. Conta com três pequenas áreas construídas. Uma sala para a câmara de fluxo laminar, uma sala de estoque e o laboratório de pesquisa. Compreende ao todo cerca de 50 m² , contendo equipamentos básicos como 1 autoclave, 02 estufas de cultivo microbiológico, 1 banho-maria, 1 centrífuga, 1 agitador vórtex, 3 microscópios, 1 balança digital, 1 balança analítica, 1 pHmetro, 3 refrigeradores, 1 freezer, 1 câmara de fluxo laminar e 1 computador.
A Micoteca da UFMS é uma Unidade de Apoio Técnico com característica multiusuária, onde centenas de morfoespécies estão depositadas e preservadas, utilizando diferentes técnicas de manutenção das culturas puras e viáveis. Estas culturas permanecem disponíveis, para execução de projetos nas áreas de ecologia, biotecnologia, bioquímica, química, entre outros, com o objetivo de atender às atividades de ensino, extensão, pesquisa e inovação das diversas unidades da UFMS. Vale ressaltar que é a única coleção oficial de fungos filamentosos nativos existente atualmente no Mato Grosso do Sul.
Vários projetos foram ou estão sendo executados por alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, utilizando cepas provenientes dos mais diversos substratos e ambientes, tais como água, solo e plantas provenientes do Pantanal, Cerrado e Chaco.
Os trabalhos desenvolvidos com o acervo da Micoteca têm como objetivos caracterizar as amostras estocadas, quanto aos aspectos biotecnológicos, tais como, produção de enzimas, metabólitos secundários, utilização no controle biológico de patógenos de plantas, testes de biorremediação de produtos tóxicos, promoção de crescimento de plantas, na produção de biocombustíveis, entre outros.
Algumas das morfoespécies já foram identificadas pelos métodos clássicos de análise ultraestrutural por microscopia. Atualmente a identificação, ao nível de espécie, tem sido realizada por métodos de análise de DNA, utilizando técnicas de Biologia Molecular. A manutenção das culturas puras e viáveis, bem como os trabalhos de identificação ao nível de espécie, têm sido feitos com recursos dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelos pesquisadores usuários do acervo. Abaixo estão os grupos e número de cepas do acervo.

Grupos de morfoespécies existentes no acervo da Micoteca (Fevereiro de 2022)

Ascomicetos (Berk. 1857) Caval.-Sm. 1998 (Endofíticos) N de morfoespécies

  • Acremonium sp Link ex. Fries (1809) 3
  • Aspergillus sp Micheli (1729) 89
  • Colletotrichum sp Link. ex. Persoon (1822) 2
  • Cunninghamella sp Thaxt. Ex. Blakes 1
  • Curvularia sp Boedijn ( 1933) 4
  • Emericella sp 3
  • Fusarium sp Link. ex. Gray (1821) 73
  • Geotrichum sp Link. ex. Persoon (1822) 3
  • Humicola sp Traaen (1914) 2
  • Nigrospora sp Zimmerman (1902) 4
  • Paecilomyces sp Samson (1974) 8
  • Penicillium sp Link (1809) 39
  • Pestalotiopsis sp Steyaert (1949) 6
  • Phoma sp Saccardo (1880) ou Phyllosticta sp 3
  • Trichoderma sp Persoon ex. Gray (1801) 49
  • Rhizopus sp Ehrenb. 3
  • Verticillium sp 1

Sub Total 293

  • Zigomicetos Moreau (1954) 8

Total 301

 

Ascomicetos – (Berk. 1857) Caval.-Sm. 1998 (Saprofíticos ) N de morfoespécies

  • Aspergillus sp Micheli ( 1729) 11
  • Cladosporium sp Link: Fries 3
  • Curvularia sp Boedijn (1933) 1
  • Fusarium sp Link. ex. Gray (1821) 5
  • Paecilomyces sp Samson (1974) 1
  • Penicillium sp Link (1809) 9
  • Trichoderma sp Persoon ex. Gray (1801) 10

Sub total 40

  • Zigomicetos Moreau (1954) 10

Total 50